terça-feira, 13 de março de 2012

O desacordo ortográfico

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O desacordo ortográfico
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Por Luís Menezes Leitão (*)

Nenhuma das grandes línguas mundiais necessitou até agora de um acordo ortográfico. Em Portugal, no entanto, houve a obstinação de tentar introduzir à força uma reforma ortográfica que não é consensual, antes mesmo de ela ser aceite por todos os Estados lusófonos.

O resultado foi, não apenas a multiplicação de variantes ortográficas nos vários países, como também o surgimento de grafias múltiplas em Portugal, com vários meios de comunicação social a adoptarem o acordo e outros a rejeitá-lo. E mesmo em cada meio de comunicação social surgem vozes divergentes que proclamam orgulhosamente adoptar uma grafia diferente. Se se queria unificar a ortografia, o que se criou antes foi divisão e confusão, sendo previsível que dentro de pouco tempo ninguém saiba a forma correcta de escrever português.

A pretexto de seguir a pronúncia, o acordo criou uma língua de laboratório que pode agradar ao experimentalismo dos linguistas, mas que abstrai das raízes históricas das palavras e, por isso, empobrece a língua. O resultado é que se multiplicam as palavras homógrafas, levando a que palavras diferentes sejam confundidas e se admitam inúmeras variantes de escrita, consoante a pronúncia de cada um. Perante este resultado, era mais que altura de arrepiar caminho.

Abandone-se de vez o “acordês” e voltemos todos a escrever em bom português.

(*) Professor da Faculdade de Direito de Lisboa

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