Cristofobia?
Sandra Paulsen (*)
Em diversos artigos publicados na imprensa local, há um par de anos, discutia-se a cristofobia, definida como a perseguição de cristãos na Suécia. Cristãos seriam fundamentalistas e culpados pelos pecados cometidos em nome de sua fé, ao longo de séculos. São aqueles contra a modernidade, o aborto, as pesquisas com células-tronco. São os símbolos do atraso e da falta de sincronia com o mundo atual. Pessoas menos dotadas, enfim.
Para tomar como exemplo uma questão muito na moda, sobre a qual, aliás, tenho que contar em algum texto futuro, discute-se, no momento, a possibilidade de casamentos homossexuais serem celebrados pela Igreja Sueca. A existência da discussão, com a clara divisão entre os pastores a favor e contra, é citada como um exemplo do que seria a discriminação das igrejas cristãs contra pessoas, baseada na sua identidade sexual.
Mas, alguém perguntava, então, por que será que ninguém pede a celebração de casamentos de pessoas do mesmo sexo nas mesquitas e nas sinagogas?
Aqui, no país do “politicamente correto”, não se fala nada em público contra muçulmanos ou judeus e suas crenças, por exemplo. Discutir religião é visto como “de mau gosto”. Não se discutem o jejum durante o Ramadan ou a recusa ao consumo de carne suína por motivos religiosos. Mas, considera-se ridículo não fazer um churrasco no feriado, “só porque” é sexta-feira da Semana Santa. Coisa de fundamentalista, é claro “!”.
Desenhos publicados na Dinamarca levaram a protestos em todo o Islã. Quem comenta qualquer coisa com relação aos judeus, aqui, só pode ser um nazista que ignora o Holocausto. Mas, falar mal de cristão não representa problema algum.
A gota d’água, que fez o copo transbordar, parece ter sido a crítica pela existência de exemplares da Bíblia, nos quartos dos hotéis de Estocolmo. Alguém, alegando que se sentia constrangido pela presença da Bíblia na gaveta da sua mesinha de cabeceira, solicitou sua retirada. E uma cadeia de hotéis “moderna” aproveitou a deixa para fazer o anúncio de que, a partir daquele momento, não haveria mais “problema”. O livro constrangedor seria retirado de circulação”!”.
A reação não tardou a chegar, com cartas e mais cartas às redações, protestando. Filmes de pornografia disponíveis em circuito interno de TV não ofendem ninguém, tudo bem! Mas “aquele livro”!?
Imagino que seja por essas e outras razões que tenha surgido a ideia da Manifestação por Jesus (Jesusmanifestationen).
No dia 3 de maio de 2008, pela primeira vez, milhares de moradores de Estocolmo saíram às ruas para, em missas, orações, cânticos, cerimônias e palestras, demonstrar sua fé cristã. Em praças e jardins, reuniram-se cristãos suecos e imigrantes, para anunciar as mensagens de Jesus Cristo, em cerca de 20 idiomas diferentes.
Não me pergunte a razão, não me lembro o porquê, mas não estive lá! Perdi a chance? Não.
Neste sábado, 2 de maio de 2009, foi a segunda Manifestação por Jesus em Estocolmo.
Desde cedo, nas diversas praças da cidade, diferentes líderes das mais diversas igrejas cristãs foram os anfitriões. Os católicos nos reunimos na Mynttorget, na cidade antiga, Gamla Stan. Dali, fizemos a caminhada a Kungsträdgården. No Jardim Real foi a concentração, a partir das três da tarde, de todos os manifestantes vindos dos quatro cantos da cidade.
Estocolmo estava bonita, com toda aquela paz e aquela alegria que vêm do “amai-vos uns aos outros”.
Você perguntará: mas manifestar exatamente o que, cara-pálida?
E eu respondo com Paulo: que não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; que nenhum de nós está sozinho, porque somos um em Cristo Jesus. E que você também é bem-vindo.
Abaixo essa tal de Cristofobia!
(*) Leitora do blog, Sandra Paulsen, casada, mãe de dois filhos, é baiana de Itabuna. Fez mestrado em Economia na UnB. Morou em Santiago do Chile nos anos 90. Vive há quase uma década em Estocolmo, onde concluiu doutorado em Economia Ambiental. Escreve no Blog sempre às segundas e sextas.
Sandra Paulsen (*)
Em diversos artigos publicados na imprensa local, há um par de anos, discutia-se a cristofobia, definida como a perseguição de cristãos na Suécia. Cristãos seriam fundamentalistas e culpados pelos pecados cometidos em nome de sua fé, ao longo de séculos. São aqueles contra a modernidade, o aborto, as pesquisas com células-tronco. São os símbolos do atraso e da falta de sincronia com o mundo atual. Pessoas menos dotadas, enfim.
Para tomar como exemplo uma questão muito na moda, sobre a qual, aliás, tenho que contar em algum texto futuro, discute-se, no momento, a possibilidade de casamentos homossexuais serem celebrados pela Igreja Sueca. A existência da discussão, com a clara divisão entre os pastores a favor e contra, é citada como um exemplo do que seria a discriminação das igrejas cristãs contra pessoas, baseada na sua identidade sexual.
Mas, alguém perguntava, então, por que será que ninguém pede a celebração de casamentos de pessoas do mesmo sexo nas mesquitas e nas sinagogas?
Aqui, no país do “politicamente correto”, não se fala nada em público contra muçulmanos ou judeus e suas crenças, por exemplo. Discutir religião é visto como “de mau gosto”. Não se discutem o jejum durante o Ramadan ou a recusa ao consumo de carne suína por motivos religiosos. Mas, considera-se ridículo não fazer um churrasco no feriado, “só porque” é sexta-feira da Semana Santa. Coisa de fundamentalista, é claro “!”.
Desenhos publicados na Dinamarca levaram a protestos em todo o Islã. Quem comenta qualquer coisa com relação aos judeus, aqui, só pode ser um nazista que ignora o Holocausto. Mas, falar mal de cristão não representa problema algum.
A gota d’água, que fez o copo transbordar, parece ter sido a crítica pela existência de exemplares da Bíblia, nos quartos dos hotéis de Estocolmo. Alguém, alegando que se sentia constrangido pela presença da Bíblia na gaveta da sua mesinha de cabeceira, solicitou sua retirada. E uma cadeia de hotéis “moderna” aproveitou a deixa para fazer o anúncio de que, a partir daquele momento, não haveria mais “problema”. O livro constrangedor seria retirado de circulação”!”.
A reação não tardou a chegar, com cartas e mais cartas às redações, protestando. Filmes de pornografia disponíveis em circuito interno de TV não ofendem ninguém, tudo bem! Mas “aquele livro”!?
Imagino que seja por essas e outras razões que tenha surgido a ideia da Manifestação por Jesus (Jesusmanifestationen).
No dia 3 de maio de 2008, pela primeira vez, milhares de moradores de Estocolmo saíram às ruas para, em missas, orações, cânticos, cerimônias e palestras, demonstrar sua fé cristã. Em praças e jardins, reuniram-se cristãos suecos e imigrantes, para anunciar as mensagens de Jesus Cristo, em cerca de 20 idiomas diferentes.
Não me pergunte a razão, não me lembro o porquê, mas não estive lá! Perdi a chance? Não.
Neste sábado, 2 de maio de 2009, foi a segunda Manifestação por Jesus em Estocolmo.
Desde cedo, nas diversas praças da cidade, diferentes líderes das mais diversas igrejas cristãs foram os anfitriões. Os católicos nos reunimos na Mynttorget, na cidade antiga, Gamla Stan. Dali, fizemos a caminhada a Kungsträdgården. No Jardim Real foi a concentração, a partir das três da tarde, de todos os manifestantes vindos dos quatro cantos da cidade.
Estocolmo estava bonita, com toda aquela paz e aquela alegria que vêm do “amai-vos uns aos outros”.
Você perguntará: mas manifestar exatamente o que, cara-pálida?
E eu respondo com Paulo: que não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; que nenhum de nós está sozinho, porque somos um em Cristo Jesus. E que você também é bem-vindo.
Abaixo essa tal de Cristofobia!
(*) Leitora do blog, Sandra Paulsen, casada, mãe de dois filhos, é baiana de Itabuna. Fez mestrado em Economia na UnB. Morou em Santiago do Chile nos anos 90. Vive há quase uma década em Estocolmo, onde concluiu doutorado em Economia Ambiental. Escreve no Blog sempre às segundas e sextas.
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