Uma Saudável Ilegalidade
Preâmbulo – Creio que, mais dia menos dia, cometi uma ausência de seis meses neste blog que antes frequentara com assiduidade. Outras prioridades e ocupações mais exigentes forçaram-me a esta espécie de folga, que hoje interrompo.
No entanto, segui com a atenção e a regularidade possíveis o que por aqui se passou. Ainda que nem sempre concorde em absoluto com os conteúdos patentes, não posso deixar de saudar a diversidade e, mesmo, a coragem de certas posições públicas, sempre devidamente subscritas, que têm preenchido as “páginas” deste meio de comunicação. Sobretudo porque sempre foram mantidas com qualidade e com intransigente decência, o que vai sendo cada vez mais raro nesta abundante família internética...
A solidariedade para com o amigo Mário Casa Nova Martins fica portanto aqui activamente expressa no meu regresso pessoal a esta cívica “frente de combate”.
Preâmbulo – Creio que, mais dia menos dia, cometi uma ausência de seis meses neste blog que antes frequentara com assiduidade. Outras prioridades e ocupações mais exigentes forçaram-me a esta espécie de folga, que hoje interrompo.
No entanto, segui com a atenção e a regularidade possíveis o que por aqui se passou. Ainda que nem sempre concorde em absoluto com os conteúdos patentes, não posso deixar de saudar a diversidade e, mesmo, a coragem de certas posições públicas, sempre devidamente subscritas, que têm preenchido as “páginas” deste meio de comunicação. Sobretudo porque sempre foram mantidas com qualidade e com intransigente decência, o que vai sendo cada vez mais raro nesta abundante família internética...
A solidariedade para com o amigo Mário Casa Nova Martins fica portanto aqui activamente expressa no meu regresso pessoal a esta cívica “frente de combate”.
Ponto um – Dois dias após um almoço onde o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, terá garantido a António Mega Ferreira que este seria mantido em funções na direcção do Centro Cultural de Belém, o primeiro comunicou ao segundo que, afinal, seria substituído por Vasco Graça Moura.
Ponto dois – Vasco Graça Moura, sempre frontal nos seus sólidos e constantes testemunhos contra o Acordo Ortográfico (AO), mal assumiu o cargo, ordenou que no Centro Cultural de Belém fossem desinstalados, de todos os computadores da instituição, os conversores informáticos adequados à mudança.
Ponto três – Depois, no Parlamento, o líder do PS questionou o primeiro-ministro sobre esta decisão. Passos Coelho terá baralhado a sua resposta, aludindo ao facto de Vasco Graça Moura não dispor de conversor ortográfico no seu computador, uma vez que gosta de escrever de acordo com a antiga grafia... Devidamente informado e portanto corrigido, o primeiro-ministro foi colocado perante o dilema de desautorizar Vasco Graça Moura ou de ser por este desautorizado.
Ponto quatro – Posteriormente, a secretaria de Estado da Cultura fez saber que, sendo o Centro Cultural de Belém uma instituição de direito privado, não está ainda obrigado a aplicar o Acordo Ortográfico. Recorda-se que o titular da secretaria, assumido adversário pessoal do AO, declarou logo após a posse do cargo que iria prosseguir o trabalho de implementação do dito...
Ponto cinco – As reacções públicas, e publicadas, à “rebeldia” de Vasco Graça Moura oscilam entre as duras críticas a uma inqualificável atitude de prepotência e as manifestações de total solidariedade perante uma decisão de lúcida e esclarecida coragem.
Conclusão (provisória...) – Creio que Vasco Graça Moura não é um herói nem um traidor. É, apenas, um homem coerente. Isto, nos dias que passam, não é fácil nem cómodo. Portanto, este episódio ainda fará certamente correr muita escrita, com AO ou sem ele.
Tomo para mim, e para já, uma lição. Perante a dureza da crise, perante a inflexibilidade da troika, perante a fragilidade do Governo -muito distante das expectativas e das promessas-, Vasco Graça Moura veio lembrar-nos que há outras formas de estar sem ser de joelhos.
António Martinó de Azevedo Coutinho
António Martinó de Azevedo Coutinho
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